HOJE TODOS SOMOS EMISSORES!

    
(Mariano Grondona - La Nacion, 12) 1. Supõe-se que aqueles que aproveitaram, até recentemente - como emissores - de uma posição dominante no mundo das comunicações, tais como os jornalistas, podem sentir-se prejudicados no novo mundo das comunicações "circulares", de ida e volta, que começa a nos cercar. Mas esta sensação de perda de influência talvez seja ilusória, uma vez que, se por um lado a multiplicação das comunicações beneficia a todos, por outro lado tem incomparavelmente mais emissões e recepções que anteriormente, abrindo horizontes inesperados para a criatividade.
     
2. Estamos explorando esses novos caminhos, é claro, em um clima de liberdade. O monopólio das comunicações equivaleria a mais sinistra das tiranias. Aqueles que contam com a expectativa do monopólio, podem cair na ilusão de fazê-lo. Não existe, no entanto, nenhuma garantia.
      
3. São duas ordens diferentes da realidade. A ordem tecnológica avança sempre, mas é ideologicamente “neutra”, indiferente aos valores. Nela podem levantar-se tanto a república como a tirania. Na ordem política, no entanto, o que vale são, precisamente, os valores. Em Atenas não tinham Twitter, mas eles tinham a democracia. O erro é supor que se pode recorrer à tecnologia para contornar a democracia. Seja em Atenas ou aqui, os princípios contam. Quando o povo entende dessa forma, a batalha está ganha.