Juntos por um propósito maior
Eles não enxergam distância, limites ou perigos quando precisam salvar alguém. Ainda assim, têm a sensação de que mais recebem do que doam. Saiba quem são os trabalhadores das organizações humanitárias
Texto: Sibele Oliveira
Se alguém perguntasse a você quais são os seus sonhos para o mundo, é muito provável que sua resposta coincidisse com os versos de Imagine. Que não existisse nada pelo que matar ou morrer, nenhuma religião, necessidade de ganância ou fome. Um mundo só, com todas as pessoas vivendo em paz. Quando compôs a canção, John Lennon se confessou um sonhador e disse acreditar que não era o único. Tinha razão. Sempre que vemos uma criança em situação de vulnerabilidade, desnutrida, um adulto sendo agredido ou injustiçado ou famílias perdendo tudo o que têm, desejamos nos mudar para o planeta retratado na música. E, mesmo que a maioria de nós não faça nada além de sonhar com esse lugar perfeito, muitas pessoas não medem esforços para levar socorro e esperança a vítimas de guerras, desastres naturais, doenças graves e pobreza extrema. Psicóloga e pesquisadora da Universidade de São Paulo, Cristiane Izumi Nakagawa, explica que o que as leva a enfrentar riscos e abandonar o conforto de ter um endereço fixo é a capacidade que elas têm de se colocar no lugar de quem passa por uma tragédia. “Depois das duas grandes guerras, foi instaurada uma sociedade que se encontra anestesiada pela violência. A frieza veio como uma condição para sobreviver nessa comunidade. Essa indiferença, que impede que a gente enxergue quem sofre, só é quebrada através da identificação com outro ser humano.”
Os motivos que levam a esse olhar solidário podem variar. Mas todos, sejam voluntários ou funcionários de organizações humanitárias, ao engajarem-se na doação de tempo e proteção ao outro, atribuem um novo significado à palavra amor.
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