Cerca de 40 jovens com síndrome de Down já ingressaram no ensino superior
Os obstáculos na formação de Pedro Carrera, de 22 anos, começaram ainda na escola. Quando terminou o 9° ano, a direção avisou aos pais do menino que ele não poderia cursar o ensino médio, pois o conteúdo seria mais complexo e o corpo docente não estaria preparado para recebê-lo. Seus pais, então, recorreram ao Ministério Público e conseguiram que o colégio fizesse um projeto pedagógico específico para Pedro. No ano passado, ele se formou em Gastronomia no Centro Universitário Senac, e agora trabalha como auxiliar de cozinha em um restaurante paulista.
— Os funcionários da universidade me explicaram as questões no vestibular. As provas não são difíceis, é só prestar atenção — recorda. — As pessoas me olhavam esquisito, como se eu não fosse capaz de fazer uma tarefa. Mas agora sou formado e tenho outro amigo que também se formou em Gastronomia. Um dia vamos cozinhar juntos.
Pedro é um dos cerca de 40 jovens com síndrome de Down que já ingressaram na universidade, número registrado pela ONG Movimento Down. A primeira geração que chegou ao ensino superior prevaleceu na arte e na educação física. Agora eles avançam para outras áreas, como a gastronomia e as ciências humanas. Maria Antônia Goulart, coordenadora da ONG, aponta que, no entanto, o sistema educacional ainda não é inclusivo.
— Não são raros os alunos que dizem ser tratados como “café com leite” e excluídos de atividades de grupo. A sociedade os rotula como pessoas incapazes — lamenta.
Para ela, o plano pedagógico é ultrapassado, restrito ao acúmulo de conhecimento, como se todos os estudantes fossem obrigados a aprender de uma mesma maneira:
— Pessoas com síndrome de Down têm facilidade para apreensão visual. É preciso desenvolver recursos que explorem esta habilidade. Outra característica destes estudantes é a dificuldade para a memória de curto prazo. Por isso, a instituição de ensino deve aprender novas estratégias e formatos.
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