Sei que parece exagero, mas não é. O preço de salvar Temer da Justiça vai ser muito alto. Se seguirmos nesse rumo por mais uma década, já era. O Brasil está sob ataque, em vias de se acabar.
Dezenas de parlamentares, todos financiados por empresas em cuja existência, a maioria de nós nem pensa, estão reescrevendo a lei, sem perguntar para mais ninguém, sem nenhum debate, sem nenhuma pesquisa científica independente. A mudança acontece por decreto. . Vem aí, um novo sistema de regras para os agrotóxicos, com leis reescritas por distintos parlamentares financiados por empresas de agrotóxicos. Virá por decreto também, imposto de cima para baixo pelo governo, sem nenhum convite ao debate público, por mais que o câncer caiba a cada um de nós. O mesmo vem acontecendo na legislação ambiental e climática e na proteção da terra indígena. Congressistas, praticamente todos eles envolvidos em escândalos de corrupção, absolutamente todos recebendo milhões de empresas com interesses financeiros de curto prazo bem específicos, estão a cargo de reescrever as regras. A abertura à discussão pública é inexistente.
A indústria bélica banca um bom número de bandidos ou suspeitos de bandidagem que agem todo dia em Brasília para garantir que haja cada vez mais armas no país, que já é aquele em que mais há assassinatos por arma de fogo no mundo. Brasília trabalha com afinco para o Brasil ficar mais violento do que já é. Outra bancada fortíssima é sustentada por grandes indústrias da fé – igrejas imensas que financiam políticos para conseguirem isenções fiscais cada vez maiores, e também para descolar contratos lucrativos nas áreas de educação, saúde, assistência social. Também aí, uma indústria específica se acopla ao Estado como sanguessuga, chupando dinheiro público para si, em prejuízo do resto da sociedade.
Temer está loteando o futuro do Brasil em troca de uns meses a mais no cargo. Em paralelo a esse ataque, vêm as restrições orçamentárias, com a crise econômica. Enquanto a cambada mama com gosto no orçamento público, os recursos vão rareando em outras áreas, que não têm lobby tão forte porque não compram políticos. Educação, ciência, tecnologia e inovação têm enfrentado fundos talhos em seus orçamentos. É também dessa maneira que se manifesta a destruição do Brasil: como se sabe, sem educação ou ciência, um país não tem futuro, ainda mais no século 21.
Tudo contra um sistema político que faz com que apenas os interesses míopes contem, e que deixe de lado todos os outros interesses da nação. A situação é trágica, mas não é irreversível.
Por sorte, há pelo caminho uma ou duas oportunidades de mudar de rumo antes que o pior aconteça. A mais importante delas é no ano que vem, na eleição geral. Para mim, o que está em jogo em 2018 é manter alguma chance de salvar este país da destruição. Não voto em ninguém que não faça dessa tarefa a mais absoluta das prioridades.
FONTE: NEXO
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