sexta-feira, 13 de outubro de 2017

COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO


Entidades criticam demissão do chefe de combate a trabalho escravo. 
André Roston foi demitido dois meses após criticar corte de recursos e quatro dias após encaminhar ao presidente a nova ‘lista suja’ de empresas que usam mão de obra escrava.

O governo federal exonerou na terça-feira (10) o chefe da Detrae (Divisão de Fiscalização do trabalho Escravo), André Esposito Roston, responsável por avaliar denúncias de trabalho escravo no Brasil e elaborar a “lista suja” das empresas envolvidas com trabalho escravo. Assinada pelo ministro do Trabalho Ronaldo Nogueira (PTB), a demissão foi publicada no Diário Oficial da União.

Em nota enviada ao jornal carioca O Globo, o ministério afirmou que tem o combate ao trabalho escravo e infantil como prioridade, que funções de chefia são transitórias, “e o combate ao trabalho escravo não depende de uma pessoa”. “Muitas vezes, substituições de chefias ocorrem para aprimorar aquilo que vem se realizando.”

Entidades que atuam no combate à escravidão e informações divulgadas na imprensa apontam, no entanto, que a exoneração está ligada a duas questões que teriam desagradado aos superiores de Roston:

 - Críticas feitas pelo ex-diretor em agosto ao corte de recursos para o combate ao trabalho escravo sob o governo Temer, o que teria levado à queda do número de fiscalizações;

 - 
Insatisfação com a versão mais recente da “lista suja do trabalho escravo”. Encaminhada por Roston para assinatura do presidente Michel Temer antes de ser divulgada, ela teria desagradado a base aliada que se prepara para votar no Congresso a segunda denúncia contra o presidente. Isso deve ocorrer até o fim de outubro.

Caso essas informações estejam corretas, a demissão é mais uma concessão do governo Temer à Bancada Ruralista, que tem se mostrado uma aliada essencial.

Em entrevista ao jornal O Globo, o procurador do trabalho Tiago Cavalcanti afirmou que “existe uma incompatibilidade entre pessoas engajadas, comprometidas de fato com o combate ao trabalho escravo, e a atual gestão, que não tem qualquer vontade política de enfrentar o problema”. 

Em nota conjunta, divulgada na terça-feira (10), Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério Público do Trabalho, Comissão Pastoral da Terra, Instituto Ethos, entre outras entidades, afirmam que o afastamento de Roston “revela a inexistência de vontade política e o descompromisso do atual governo com o enfrentamento” da escravidão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DESTAQUE DO DIA

RESGATANDO VIDAS VERDES

Um projeto da imobiliária Cuko resgata plantas abandonadas em apartamentos e as doa para pessoas que podem cuidar delas. O projeto co...

POSTAGENS MAIS VISITADAS