sexta-feira, 13 de outubro de 2017

SUCESSOR DE TEMER VAI PRECISAR DE MUITA SORTE


2019 vem aí. O sucessor de Temer vai precisar de muita sorte. Nós também. Apegado ao poder, ele distribui emendas parlamentares e piora o quadro fiscal.

Reservas cambiais recordes, inflação atipicamente baixa, emprego e Produto Interno Bruto em alta. 
São raríssimas as chances que temos de enfrentar a raiz de nossos problemas, que são as contas públicas.

É o cenário ideal para enxugamento das máquinas governamentais: o setor privado tem condições de absorver o efeito da austeridade no lado público. 
O ajuste fiscal é, simplesmente, a única rota para o chamado crescimento sustentado. 
Caso contrário, seguiremos aos solavancos que tanto presenciamos nas últimas décadas: euforias seguidas de choques, maxidesvalorizações, controle artificial de preços, crises cambiais. 
Parece óbvio. E é.

Foi assim no governo Sarney. Plano Cruzado, 1986: a economia bombando, o presidente manteve os preços congelados artificialmente para eleger governadores do PMDB. No ano seguinte, mergulhamos em 
moratória.

Foi assim no governo Fernando Henrique Cardoso. 
O sucesso do Plano Real o inebriou. 
Ele interrompeu as reformas fundamentais, inclusive as que tanto defende agora, para investir na boa vontade dos parlamentares, e deles conseguir a emenda necessária para se reeleger presidente da República. 
Sem reformas, o Plano Real não se 
 sustentaria, como não se sustentou. 
Ainda assim, ele manteve o congelamento artificial do dólar. 
Conseguiu mais 4 anos de poder. 
E no comecinho de seu segundo mandato, veio a maxidesvalorização cambial, com as consequências que conhecemos.

Foi assim, de novo, no governo Lula. 
Em 2008, a Grande Recessão, para ele, não passava de uma marolinha. 
O Brasil continuou gastando, subsidiando, festejando os empresários favoritos, a quem presenteava com dinheiro do BNDES. Surgiam os ‘campeões nacionais’ – vários deles hoje encarcerados. 
Era um sucesso tão artificial quanto o do Plano Cruzado ou o do interrompido Plano Real. 
A gastança de Lula garantiria a eleição de Dilma Rousseff, cuja política fiscal dispensa apresentações.

E vem sendo assim também no governo Temer. No chão da avaliação popular, o que ele faz no momento em que retomamos o crescimento? 
Arruma a casa? Abraça a necessária contenção dos gastos? 
Ao contrário: para garantir seu foro privilegiado até o fim do ano que vem, distribui o seu, o meu, o nosso dinheiro a parlamentares.
Alguma política de segurança nacional? De saúde? Educação? Transportes? 
Não.

Tudo errado de novo.
Tudo igual de novo.
Haja sorte para o próximo presidente.

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