Há uma certeza a respeito de nosso país. De que ele estaria de "cabeça para baixo", "esquizofrênico". E na verdade, tudo parece não estar fazendo muito sentido.
Um país onde um prefeito tem a ideia de criar uma ração para alimentar pobres, recebe apoio de setores conservadores da sociedade, blogueiros e youtubers de direita, que nunca passaram fome.
Um país onde cresce a população que fala mal "do pessoal dos direitos humanos".
Onde cresce o número de pessoas à favor da posse indiscriminado de armas, onde as pessoas estejam a cada dia mais avessas ao diálogo.
Um país onde não se dá o valor para o Cais do Valongo, maior porto escravagista da História da Humanidade, e as leis que regulam o trabalho escravo são afrouxadas.
Um país onde se proíbe o topless nas praias é o mesmo país campeão em violência contra a mulher e os homens são covardes o suficiente para agredir travestis, tornando-nos também o país que mais violenta os LGBTs.
Um país onde cresce o apoio pela volta do regime militar, fazendo despencar a venda de livros e a frequência nas escolas, acabando com vários programas de educação.
Um país onde a população que foi às ruas exigir o fim da corrupção vestindo a camiseta de uma entidade investigada por corrupção, a CBF, iria se calar, e calar suas panelas, quando viessem à tona escândalos de corrupção envolvendo políticos nos quais votaram?
Um país onde não é monstruosamente previsto que uma criança seja vendida pelos próprios pais para ser escrava sexual numa cela de cadeia, em um país que se vocifera contra uma exposição de arte, usando o slogan "temos que proteger nossas crianças" e que se cala à respeito das crianças das favelas, que têm que ir para a escola se deparando com cadáveres na porta de casa.
Um país onde apenas brancos frequentam eventos caros (como arquibancadas do jogo da seleção brasileira), e a maioria da população carcerária é de negros.
Um país que aplaude a meritocracia e coloca as grandes empresas e empregadores como nossa salvação, e deixa acontecer acidentes como o da Samarco, no Rio Doce.
Um país que se ache que a solução para a corrupção está única e exclusivamente na punição do outro, que não considera a corrupção praticada por si próprio, as pessoas não estão mais ouvindo, muito menos mudando de opinião.
O Brasil de hoje não faz sentido!
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