O ex-prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), escreveu em sua newsletter sobre as principais diferença na dinâmica e nos negócios entre o tráfico e as milícias. Entenda:
RIO: TRÁFICO E MILÍCIAS, A DIFERENÇA DE SUAS DINÂMICAS E DE SEUS “NEGÓCIOS”!
1. A ação e o crescimento das milícias e do tráfico de drogas no varejo, no Rio, tem uma diferença básica.
2. A base das milícias, especialmente nos últimos anos, é a extorsão; seja direta, seja indireta, neste caso, com “a venda de produtos e serviços” como gás, TV, transporte…, compulsoriamente.
3. Nesse amplo sentido, os que pagam, o fazem sem demandar os bens e serviços às milícias “fornecedoras”. Seu pagamento e consumo às milícias é compulsório e imposto.
4. O tráfico de drogas no varejo, nas comunidades do Rio, diferentemente, vende seus produtos (cocaína, maconha…) por demanda dos consumidores. Onde atuam não há a obrigação de os moradores se viciarem e consumir as drogas.
5. De certa forma, mesmo no ciclo inicial das milícias, antes de sua expansão por toda a cidade, especialmente Zona Oeste e mais recentemente pela Baixada Fluminense, a ostensiva proibição de venda de drogas e expulsão dos traficantes e de quem tivesse relação com estes nas comunidades que controlavam mostrava com clareza a diferença “de mercado” entre ambas.
6. No início, por pânico dos moradores aos traficantes, os pagamentos dos moradores e comerciantes era realizado sem rejeição. Progressivamente se transformou em extorsão aberta, como ocorre atualmente.
7. É uma dinâmica de relação com os “consumidores” muito diferente do tráfico de drogas. Igualam-se eles -milícias e tráfico no varejo- para garantir a “prestação de seus serviços”, um regime de imposição de seu comando pela violência e submissão dos moradores.
8. Num caso (milícias), os moradores são “consumidores” compulsórios. No outro caso (tráfico de drogas), aos moradores é imposto um regime de obediência de forma a não atrapalhar o negócio do tráfico de drogas.
9. Em ambos, com o uso de armas pesadas para garantir o controle de suas áreas e a corrupção para sua proteção, inclusive em relação aos órgãos de fiscalização e policiamento.
10. Pela diferença de suas características e dinâmicas, a relação com a política não é a mesma. As milícias têm força eleitoral porque sua base de imposição são todos os moradores. No caso do tráfico de drogas no varejo, os moradores são “expectadores”. Por mais que prestem algum auxílio na compra de remédios ou em ajudas, estas não se referem ao conjunto da comunidade, mas apenas a alguns casos, de forma a suavizar suas imagens.
11. Com isso, no Rio, são raros os casos de políticos eleitos diretamente pelo tráfico de drogas no varejo e vários eleitos pelas milícias.
12. Por isso tudo, milícias e tráfico disputam militarmente territórios. Os fatos muito recentes de aproximação entre algumas milícias e o tráfico, como se noticiou, não tende a se estender pelas radicais diferenças entre uns e outros em seus “negócios”.
13. Mesmo no México, onde há essa convergência, a prevalência e comando é do tráfico e as milícias são terceirizadas, em geral como sicários. E não misturam os negócios nem as organizações nem o mercado.
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