Preconceito, segundo o dicionário de português, significa: qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico. Ou seja, é um juízo pré-nutrido que se manifesta por meio de atitudes discriminatórias. Essas atitudes podem ser racistas ou não. Racismo, por sua vez, quer dizer: conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças ou entre as etnias. Pessoas racistas acreditam que há uma ou mais raças superiores a outras.
No Brasil, fazer distinção entre pessoas por conta da sua raça, cor, etnia, religião, orientação sexual, entre outros, é crime. O autor do ato discriminatório ou racista pode responder na forma da Lei, que hoje vai desde o pagamento de multas até prestação de serviços à comunidade ou prisão, que pode variar entre dois a cinco anos de reclusão. Porém, na prática as punições são brandas, isso quando o crime é denunciado.
Casos de preconceito são noticiados frequentemente na mídia. E o ambiente virtual tem se tornado palco para que pessoas preconceituosas pratiquem discursos de ódio. Um caso recente que chamou a atenção da população brasileira foi o da atriz Thais Araújo, que postou uma foto em sua página pessoal no Facebook e recebeu vários comentários preconceituosos em relação à cor da sua pele e ao seu cabelo. Um dos comentários dizia: “Quem postou a foto desse gorila no facebook? ”. Em seguida a atriz postou um texto em seu Instagram, repudiando a ação e prometendo que levaria o caso até a polícia.
Outro caso bem polêmico aconteceu em uma partida entre Santos e Grêmio, realizada no Rio Grande do Sul, onde uma câmera do canal ESPN filmou uma torcedora xingando o goleiro do time paulista de macaco. O caso teve repercussão internacional e gerou revolta na população. A torcedora foi afastada do trabalho no dia seguinte ao jogo e teve sua casa depredada, dias após o incidente. Porém, embora a torcedora tenha pedido desculpas publicamente, por meio de vários canais de TV e internet, dizendo que agiu no calor do momento e que não era racista, já havia postado anteriormente algumas fotos em suas redes sociais com macacos de pelúcia na mão, fazendo cara de nojo, numa atitude que pode ser interpretada como depreciativa.
Infelizmente, esses não são casos isolados, pessoas são vítimas de preconceito e racismo diariamente, tanto em ambientes virtuais, quanto pessoalmente em diversas situações cotidianas. Além disso, os indicadores da atual situação do País em vários aspectos, mostram que ainda que não seja de forma direta, pessoas negras não tem o mesmo acesso que pessoas brancas a direitos básicos como: educação, emprego e saúde.
O preconceito está enraizado na nossa sociedade e pode ser visto por meio dos vários indicadores sociais. O último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2014, mostra que pretos e pardos, representam 60,6% do total de desempregados no País. Além disso, dados do Anuário da Violência de 2014, revelaram que, das 56.337 pessoas assassinadas no Brasil, em 2012, mais de 30 mil são jovens, em sua maioria negros, do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos.
O Mapa da Violência 2015, divulgado na ultima segunda-feira (9), mostra que entre 2003 e 2013, a taxa de homicídios de mulheres negras no Brasil aumentou 19,5%, enquanto a taxa de homicídios contra mulheres brancas caiu 11,9%.
É preciso conscientizar a população de que o preconceito e o racismo, que estão presentes em nosso dia a dia, são ações criminosas e devem ser denunciadas. Além disso, promover debates e desmistificar o tema são ações para diminuir ou acabar com as desigualdades. Isso porque não falar sobre um problema não o anula. O preconceito velado existe e, muitas vezes, é ainda mais cruel. Portanto, para construir uma sociedade mais justa e igualitária devemos reeducar a população, supondo que essa seja a principal força capaz de construir uma nova postura social.
Assessoria Fundação 1º de Maio
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