Com frio histórico, 61% dos moradores de rua do Rio não têm vagas em abrigos
Em 2015, secretário de Desenvolvimento Social prometeu 800 novas vagas mas não cumpriu.
Com a passagem de uma frente fria, a cidade do Rio de Janeiro registrou 8,6°C na última segunda. Mas das 5.580 pessoas que vivem em situação de rua, apenas 2.177 têm vagas na rede de acolhimento da prefeitura. Ou seja: 61% das pessoas sem lar não têm um lugar oferecido pelo governo municipal para se proteger do frio.
Em junho de 2015, quando as vagas em abrigos atendiam apenas 40% dos moradores de rua do Rio, a SMDS pretendia criar em 2015, 800 novas vagas em abrigos , mas não foi o que aconteceu. Em um ano, as vagas encolheram de 2.301 para 2.177, divididas em 36 unidades próprias e 24 abrigos conveniados.
A secretaria diz que a ideia é criar atendimento direcionado para verificar se há necessidade de atendimento médico, retirada de documentos e, consequentemente, promover a reinserção do morador de rua em até nove meses. Para a secretaria, o objetivo é ajudar o morador de rua a sair do abrigo e não voltar às ruas.
A SMDS também informa que a abordagem aos moradores de rua foi intensificada e que, diariamente, equipes formadas por assistentes sociais, psicólogos e educadores sociais abordam a população de rua para informar sobre os abrigos. Entretanto, informa a pasta, a rejeita ser encaminhada às unidades.
O censo de rua aponta que 80% dos moradores têm vício em álcool ou teve conflito familiar, e que muitos criam vínculo com a situação de rua — por isso, a “dificuldade no acolhimento”. Alguns moradores de rua rejeitam o funcionamento dos albergues, que têm horários controlados e vetam determinados objetos.
A SMDS informou ao R7 que, até o fim deste ano, serão criados três novos albergues, com 400 vagas, onde os moradores de rua poderão passar a noite.
Ajuda no frio
A Cruz Vermelha está recebendo doações de agasalhos e mantimentos para moradores de rua. Quem deseja ajudar, também pode doar os mesmos itens nos seguintes órgãos do Governo do Estado do Rio de Janeiro: Secretaria de Planejamento e Gestão, PGE, DPGE, Cedae, Secretaria de Educação, Detran, Procon-RJ, Casa Civil, Corpo de Bombeiros, Inea, Secretaria do Ambiente, Secretaria de Saúde, Iterj e Defesa Civil.
Para ajudar moradores de rua a se protegerem do frio, um grupo de mulheres prepara há cerca de dez anos uma sopa e distribui nas ruas da cidade. Miriam Gomes, da ONG Anjinho Feliz, comemora o resultado da iniciativa.
— É muito bom quando chega lá e vê sorriso nos lábios deles. E saber que pelo menos por uma noite eu os alimentei, e que eles vão dormir saciados com uma sopa quentinha.
São cerca de cem refeições e cobertores distribuídos quinzenalmente no centro do Rio. Quem quiser contribuir com o sopão solidário pode doar pelo site da ONG.
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