No longo prazo, lutamos por uma nova democracia, mais republicana e funcional. Mas, neste momento, precisamos barrar o distritão e o fundo eleitoral.
A democracia brasileira viveu um período frutífero nos últimos 30 anos, com importantes legados para o país. Avançamos nas esferas econômicas, sociais e institucionais. Porém ao olharmos para a esfera política, percebemos que esse ciclo chegou ao fim. Vemos grande parte de uma geração de líderes públicos surgidos como agentes de mudança, responsável pela afirmação da democracia entre nós, sucumbida ao que há de pior na política, do dinheiro ao cinismo.
Este cenário traz como consequência mais nefasta o descrédito da sociedade na política em si, enfraquecendo a democracia. Na lista dos desafios com que lidamos hoje, vencer esse desencanto estará certamente entre os primeiros.
Sem construir novas vozes, ideias e atores políticos capazes de restaurar a confiança em uma arena pública guiada pela virtude e espírito público, será difícil sair do redemoinho em que estamos, com seu dreno cruel de expectativas coletivas.
Nesta busca por construir novos espaços de conexão entre a sociedade e a política, de pensar projetos e quadros e de construir a renovação necessária, vemos o surgimento de diversos movimentos políticos com propostas e ideologias diversas, mas que confluem na necessidade de revigorar e inovar na prática política do Brasil.
Com a clareza de que se há essas novas forças surgindo na sociedade, há também um esforço magistral de quem está no poder em se manter lá, muitos desses movimentos se juntaram, somando a indivíduos múltiplos conectados com o tema, a fim de juntos lutarem por uma nova democracia.
Precisamos fortalecer a democracia, com uma reforma política que construa de fato um sistema eleitoral mais republicano, funcional e democrático. Sabemos que esse objetivo final demanda prazo alargado, mas também sabemos que se torna cada vez mais complexo alcançá-lo quanto mais postergado seu início.
Temos o desafio de ir além da crise. Criar condições para revitalização e renovação positiva da vida política, já a partir de 2018. Para isso, é preciso voltar atenções para a definição das regras do jogo das eleições por vir, com mudanças que abram caminho para um sistema mais representativo e republicano, mais poroso e democrático, e não o contrário.
O Congresso Nacional tem até o início de outubro para aprovar as regras eleitorais para 2018. A movimentação parlamentar em curso para isso contém o indisfarçável sentido de reforçar as condições de reeleição e manutenção das condições atuais.
Guia-se pelo objetivo de autopreservação mais do que por qualquer chamado de aprimoramento institucional e das relações com a cidadania e anseios da sociedade. Refletindo o momento do país, a classe política busca essencialmente fechar as portas para a renovação e retomada da representatividade, em contraposição à demanda óbvia para que elas se abram.
Só o empenho decidido da sociedade, expressando o compromisso amplo com o revigoramento da democracia, poderá reverter esse movimento, conter a piora do sistema atual e construir as condições para as mudanças positivas que se demanda.
Para isto lançamos em conjunto a campanha “A reforma que queremos”. A plataforma é perene, mas o chamado é imediato para impedir retrocessos no sistema vigente.
Fonte: Nexo
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