quarta-feira, 28 de março de 2018

OS CONTRASTES DO MUNDO DIGITAL



Em um país tão desigual como o Brasil, como ricos, remediados e pobres utilizam a internet? 

De cara, há um denominador comum nada óbvio. Apesar das dificuldades de acesso à tecnologia, as classes populares estão mergulhadas na rede tanto quanto os mais abastados. 

De alguma maneira, e sem apoio do governo, elas transpõem obstáculos consideráveis, como limitação financeira e de infra-estrutura, e vivem de olho na tela do celular. A partir daí, são várias as distinções, entre elas, o tipo de exposição feita no ambiente digital.

As camadas mais favorecidas tendem a filtrar os conteúdos partilhados, seja por pudor ou questão de segurança. Muitos evitam postar fotos de bebês e crianças ou informações que deem pistas da condição financeira, por exemplo. Entre os menos favorecidos, é praticamente o contrário. 

Predominam narrativas que jogam luz no que poderia ser considerado privado e íntimo. Exibir abertamente os filhos, a casa e os acontecimentos familiares (casamento, batizado etc) é bastante comum e desejável. Mero retrato explícito da rotina? Não. Abrir as portas de casa e compartilhar momentos privados é, acima de tudo, um exercício de orgulho e vaidade. 

Na realidade distorcida em que vivemos, ser reconhecido e respeitado é privilégio de poucos. Enquanto uma carteirinha de membro ou cartão de crédito garante que sejamos confortavelmente chamados pelo nome no hospital ou na escola, no sistema público, onde circula a imensa maioria da população, impera o anonimato e descaso. No digital, finalmente, estamos todos no mesmo barco. Até quem costuma ser invisível socialmente, tem visibilidade. Por que não aproveitar?

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