A quantidade de notícias a que somos expostos é muito maior que nossa capacidade de filtrá-las com critério e cuidado. Por um lado, as redes sociais estimulam um comportamento de manada: tendemos a qualificar como confiável aquilo que muita gente curtiu e compartilhou. Por outro, às vezes falta-nos senso crítico. Sem conhecimento, perfil questionador e leitura de diferentes fontes, somos presas fáceis de falsas notícias.
A intervenção federal no Rio de Janeiro põe o dedo nessa ferida. O estado não é o mais violento do Brasil, há outros nove à frente dele. O número de ocorrências criminosas (homicídios, roubos e furtos) no carnaval de 2018 foi inferior ao de 2017. A presença das Forças Armadas em outras ocasiões não necessariamente resolveu a situação. E até dúvidas sobre a constitucionalidade da medida há.
Apesar disso tudo, a solidez dos dados perdeu para o clamor da população. A exibição massiva de cenas deploráveis de violência durante o carnaval, com todo o alcance e impacto que a internet permite, deu à luz uma angustiante sensação de caos ainda maior do que a cidade já vivia. Diante disso, o governo federal decidiu agir e a população, recebeu positivamente sua ação.
Claro que o problema não é divulgar a violência no Facebook, WhatsApp ou TV (afinal, o martelo que acerta o dedo não é culpado do golpe), mas não podemos perder de vista o contexto geral, suas nuances e profundidade.
Para o bem e para o mal, as plataformas digitais escancararam as porteiras da informação e da opinião. Produzir, distribuir e consumir conteúdos nunca foi tão fácil. Fabricar falsidades ou meias verdades, então, está a poucos cliques de qualquer um.
Educar as novas gerações para uma postura crítica e ética diante da realidade e suas versões é tarefa urgente. Sem isso, elas serão tão independentes quanto bonecos de fantoche.
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