Recuperar 500 praças, reduzir em 20% as emissões de gases do efeito estufa, aumentar para 13% o volume de resíduos separados para reciclagem e compostagem. Tudo isso até 2020. Essas são algumas das 35 metas traçadas pela prefeitura do Rio para proporcionar mais bem estar à cidade.
As ações fazem parte de um plano estratégico baseado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) listados pela Organização das Nações Unidas (ONU), que são diretrizes para a construção de um mundo melhor até 2030. Para especialistas, a capital fluminense tem potencial para vencer os desafios, apesar de problemas crônicos. Enquanto isso, apostas em iniciativas da sociedade ganham força.
Sustentabilidade é um dos temas que serão debatidos no "Reage, Rio!", seminário promovido pelo O GLOBO e pelo "Extra", com patrocínio da Oi e apoio institucional da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. O evento acontecerá quarta-feira, a partir das 9h30m, no Oito - Espaço de Inovação, na Rua Visconde de Pirajá 54, em Ipanema. Inscrições podem ser feitas gratuitamente pelo site reagerio.com (mas há limite de vagas).
Para Marina Grossi, economista e presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, o Rio tem características que reforçam seu potencial para desenvolver ações de sustentabilidade.
- A cidade tem belezas naturais, expressividade artística e um perfil acolhedor, além de dinamismo para novos negócios, especialmente aqueles ligados aos setores de energia e turismo. Temos um caminho bastante interessante para trilhar em todas essas frentes, seja no turismo responsável, conectado às melhores práticas socioambientais, seja explorando novos caminhos em relação à energia e à integração entre diversos modais - destaca Marina.
ENERGIA SOLAR É FOCO DE AÇÃO
Dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável listados pela ONU, oito têm relação direta com o meio ambiente e o urbanismo. A lista de metas da prefeitura abrange essas áreas e inclui outras. O plano do município foi baseado em promessas de campanha do prefeito Marcelo Crivella, e um segundo documento, com visão para 2050, deverá ser elaborado.
A prefeitura informa que vem monitorando de forma contínua os esforços para o cumprimento as metas, mas observa que há um entrave para a realização das ações. "A entrada tardia do município na crise econômica justifica, em parte, a demora para sair desta situação, em comparação com outros entes federativos que já mostram sinais de recuperação", informa, em nota, a Subsecretaria de Planejamento e Acompanhamento de Resultados.
Já a Secretaria de Conservação e Meio Ambiente enumera ações para o cumprimento de metas. Para reduzir os gases do efeito estufa, por exemplo, tem feito a manutenção de 2.688,38 hectares de áreas reflorestadas. A pasta também destacou o lançamento do programa Rio Solar, cujo objetivo é estimular a adoção de fontes sustentáveis de energia em residências cariocas, em fase de estudo.
Para Izabella Teixeira, copresidente do Painel Internacional de Recursos da ONU e ex-ministra do Meio Ambiente, o Rio ainda não explorou plenamente seu potencial de sustentabilidade.
- O Rio sediou as duas principais conferências de desenvolvimento sustentável do planeta, a Rio 92 e a Rio+20, mas, infelizmente, não segue uma tendência mundial. Poderia ter um protagonismo em eficiência e estar pautando cidades de todo o mundo, liderando as agendas de bem-estar e mobilidade urbana - afirma Izabella, acrescentando que muitas ações não partem de governos. - Vejo a sociedade civil se mobilizando, ainda faltam políticas das autoridades regionais.
Em operação desde o ano 2000, o Centro de Reciclagem Rio (CRR) é uma das organizações que buscam fazer a diferença. Baseado em Barros Filho e com quatro filiais na Região Metropolitana, o CRR recicla cerca de 30 mil toneladas de resíduos por mês. Cátia Miranda, gerente da unidade do Santo Cristo, conta que a maior parte do material trabalhado é entregue por bancos e supermercados. Para ela, muitos cariocas ainda desconhecem os benefícios dessa atividade:
- Em primeiro lugar, a reciclagem representa um resgate do meio ambiente. Em segundo, incentiva uma gestão social que transforma a vida de pessoas à margem da sociedade. Em terceiro, gera um significativo impacto econômico em vários setores.
O economista e ambientalista Sérgio Besserman, presidente do Jardim Botânico, frisa que os objetivos de planos de desenvolvimento sustentável precisam ser traçados em conjunto. Ele destaca como grande desafio do Rio a despoluição da Baía de Guanabara, porém afirma que a cidade teve avanços no que se refere a cuidados com as praias:
- O maior símbolo do nosso atraso é a Baía. Por outro lado, as praias melhoraram bastante. Os jovens podem não saber, mas, antigamente, havia as famosas línguas negras de esgoto aparecendo em várias delas quando chovia.
OS OBJETIVOS
RECICLAGEM: Aumentar para 13%, até 2020, o volume de resíduos segregados para reciclagem e compostagem na cidade.
SANEAMENTO: Aumentar para 68% a taxa de cobertura da rede coletora de esgoto com tratamento na região da Zona Oeste até o final de 2020, por meio da concessão dos serviços.
PRESERVAÇÃO: Aumentar a área protegida da cidade em 4 mil hectares.
RIOS: Implantar 6,7 quilômetros de macrodrenagem nos rios Tindiba, Grande, Covanca e Pechincha, na Bacia de Jacarepaguá, até 2019.
CONSTRUÇÃO: Emitir certificações de construção sustentável para 10% das novas edificações erguidas na cidade até 2020.
AR LIMPO: Reduzir 20% das emissões de fases do efeito estufa até 2020, em relação ao nível de emissões registrado em 2005.
LAZER: Recuperar e requalificar 500 praças.
LIMPEZA: Alcançar 70 quilômetros de margens de corpos hídricos com atividades de manutenção até 2020.
VIAS PÚBLICAS: Modernizar, em dois anos, 100% dos pontos de iluminação pública, priorizando as áreas da cidade com maiores taxas de violência em 2017.
PARQUES: Implantar um parque urbano na Zona Oeste e elaborar um plano para a criação de outros em áreas da região ambientalmente frágeis, até 2019.
ATERROS: Reduzir em 27%, até 2020, a quantidade de resíduos sólidos levados para aterros sanitários.
ALIMENTAÇÃO: Alcançar a marca de 80 toneladas de alimentos comercializados em feiras agroecológicas até 2020.
ÁRVORES NAS RUAS: Plantar 120 mil novas mudas de árvores em logradouros públicos até 2020, garantindo sua manutenção por, no mínimo, um ano.
ILUMINAÇÃO PÚBLICA: Reduzir em 40% o consumo de energia elétrica do sistema de iluminação pública carioca até 2020.
PLANEJAMENTO: Ter planos urbanísticos atualizados para pelo menos 30% da área da cidade até 2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário