O Executivo, o Legislativo e o Judiciário se alinharam com a oligarquia financeira e estão destruindo o Brasil e nossa democracia.
No plano econômico estão destruindo os instrumentos para uma política econômica soberana e, em suas próprias palavras, essa verdadeira quadrilha, sem plano algum de governo, declara: “Vamos privatizar tudo que é público e seja privatizável”. Esquartejaram a Petrobras, entregaram o pré-sal para as multinacionais a preço de banana, apequenaram o BNDES, querem privatizar a Caixa, o Banco do Brasil, a Eletrobras… Como se isso não bastasse, continuam distribuindo isenções tributárias para quem não precisa, como no caso das multinacionais estrangeiras que compraram o pré-sal (isenções estimadas em R$ 40 bilhões/ano, apenas neste caso).
No plano social, a “PEC do fim do mundo”, aquela que congela os gastos sociais por vinte anos, o fim da CLT, o aumento do desemprego, o ataque à Previdência, os cortes em saúde e educação, o estrangulamento das finanças dos municípios e estados, tudo leva ao colapso do sistema público (policiais e professores sem receber salários, por exemplo) e a uma crescente precarização das condições de vida em geral. É bom que se diga com todas as letras que essas ações foram decisões políticas, não são inevitáveis nem decorrentes de uma crise herdada. A crise foi fabricada para que pudessem fazer o que estão fazendo, transferindo para empresas privadas o patrimônio público e a exploração de serviços e equipamentos de interesse comum, rebaixando as condições de vida e trabalho. O aumento nos preços dos serviços públicos, numa lógica de mercado, faz crescer a espoliação das maiorias.
No plano político, o governo golpista endurece e elege, com oportunismo eleitoral, o combate à violência como prioridade. Sua resposta para a insatisfação social, para as manifestações coletivas e para a violência gerada pelo desamparo é mobilizar o Exército e cercar as favelas, isto é, cercar os pobres e impor aí um estado de sítio. Na questão social, nem se fala – ignoram por completo as causas da violência.
Os mandatos coletivos de busca e apreensão, a licença para matar ao transferir para a justiça militar o julgamento dos “excessos” praticados pelo Exército nas favelas ocupadas, o controle militar do espaço público nas cidades, tudo isso mostra uma guinada mais do que brutal desse governo. As palavras de ordem para tratar as questões sociais são controle e repressão. Os direitos de cidadania hoje só são defendidos pelos movimentos sociais, representações coletivas dos mais pobres e dos trabalhadores, e por algumas entidades de profissionais de classe média. A Fiesp, a CNI e as representações patronais, de maneira geral, dão suporte ao golpe e a este começo de uma nova ditadura. A TV, liderada pela Globo, cria o medo e a insegurança na população para que ela se submeta ao arbítrio e aceite a violência institucional, os assassinatos da polícia, como única maneira de manter a ordem.
Os brasileiros estão sendo atacados por um governo e uma classe patronal que não medem a violência e a exclusão que suas políticas públicas provocam nas maiorias. Na verdade, não se importam com isso. Porém, em ano eleitoral, essa é uma receita para perder as eleições. Mesmo os partidos de direita buscam se afastar desse governo, rejeitado por mais de 70% da população. Mas nem no grupo do governo nem nos partidos de direita surge um candidato com possibilidades de vencer as eleições.
O ensaio de ocupação militar das áreas urbanas pobres, que após a fase das UPPs recrudesce agora no Rio de Janeiro, pode se estender para outras cidades com os mesmos problemas. Os militares adquiriram experiência no Haiti sobre o controle de áreas urbanas. Há indícios ainda de que no interior das Forças Armadas há uma disputa e uma ala que defende a intervenção militar em razão da falência das instituições.
A conjuntura nos mostra uma disputa de visões e valores na sociedade civil como nunca houve antes.
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